Por Aires Almeida
O discurso anti-lógica é muito frequente e, por vezes, resulta até em discussões algo caricatas.
Há já alguns anos argumentei, a propósito de um despacho do ministério da educação, com um colega de filosofia a favor de uma dada interpretação que eu, ao contrário dele, considerava correcta. Recordo-me de, às tantas, referir que se tratava de um simples modus tollens.
- Lá vens tu com a treta do modus tollens e da lógica, atalhou ele. Quero lá saber da lógica! Se o modus tollens fosse preciso para as pessoas se entenderem, os Papalagui nunca se entenderiam uns aos outros. Ora, ninguém duvida que os Papalagui se entendem muito bem entre si.
- E daí?
- Daí que o modus tollens não é preciso para as pessoas se entenderem, concluiu.
Perante tal resposta, só me ocorreu perguntar:
- Mas olha lá, não me consegues convencer disso sem usares um modus tollens?
- Hã?
Comentário de Desidério Murcho
É como a gramática. As pessoas não precisam de saber gramática para falar gramaticalmente. Mas daí não se segue que não estejam a usar uma gramática.
Já agora, é como a física. As pessoas não precisam de saber física para estar sujeitas às leis da física e ter de agir de acordo com elas.
O que faz as pessoas argumentar dessa maneira contra a lógica é o desconforto que têm por outras pessoas dominarem algo que elas não dominam. E é pena, porque se quisesse dar-se ao trabalho, poderiam dominar os rudimentos da lógica em três ou quatro meses de estudo tranquilo. Na verdade, para saber o elementar que os alunos do secundário que estudam pelos nossos manuais sabem, basta estudar dois ou três sábados.
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