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Sobre o "existir"







Por Samir Gorsky

Estou a pensar em uma mesa. Abro os olhos e vejo a mesa em minha frente. Constato, portanto, que pensei em algo que existe. Toco a mesa e descubro que não é uma alucinação visual. Fecho os olhos novamente, penso na mesa e me vem uma dúvida. Será que a mesa que estou a acessar em meus pensamentos é a mesma mesa que vejo quando abro os meus olhos. Provavelmente não. É possível que meus pensamentos só consigam acessar uma mesa muito parecida com a mesa real e que a mesa que eu acesso pelos pensamentos nem exista. Eu não penso a mesa e sim a representação da mesa. Neste caso a representação da mesa, enquanto pensamento, existe ou não? Sim. A representação é evidente em meu pensamento. Qual critério usei para determinar a existência tanto de meus pensamento quanto de minhas sensações?
Se for o caso posso optar pela negativa se disser que a mesa em minha frente não existe e que só existe um fenômeno de mesa, uma representação sensível ou mental de mesa. Posso ainda ser mais radical e dizer que não existem nem mesa nem representações de quaisquer espécies. Esta posição me parece insustentável se não for possível aceitar a existência de pelo menos um objeto ou conceito ou o que quer que seja. A não existência do tudo é inconcebível e irracional, pois significa que eu não escrevi um texto e que você não o está lendo. Portanto temos que postular a existência de pelo menos um objeto (conceito, pensamento, etc.).
Dada a existência de pelo menos um “objeto” podemos continuar a pensar o que é existir.
Existir pode ser refletir o objeto que existe necessariamente (deus me livre de estar me referindo a deus neste momento). O objeto necessariamente existente pode não ser deus. Este objeto causa a existência dos demais num sentido lógico. Postular a sua existência não é dar a sua prova, mas sim dar a condição de existência do discurso aqui presente.
É "possível" que o nada seja tudo. É possível também que o nada seja a única coisa que realmente existe. Pense como que o tempo parece nadificar todas as coisas...Grifei o termo possivelmente. Logo não estou me posicionando concretamente. Se o nada é tudo, então você não está lendo este texto pois ele nem existe. O tempo nos mostra isto. O presente é a unica coisa existente. O futuro não existe ainda. O passado não existe mais. Mas o presente é a passagem do futuro para o passado. A passagem do que não existe ainda para o que não existe mais. O presente é ainda um instante infinitamente pequeno e fugaz. Um nada entre dois nadas. (ver Agostinho, Confissões acho que cap. 11)

O ponto é que....o nada absoluto só tem sentido se o texto aqui presente não existir. Porém, estou lendo algo e, portanto não posso conceber o nada absoluto. Talvez o leitor e o texto seja uma só realidade. Podemos ainda sustentar o nada relativo. Ou mesmo negar o presente texto. A posição mais radical exclui toda a filosofia possível. É até possível uma posição mais radical. O nada é tudo. Então toda verdade só poderá ser expressa pelo "silêncio". "Do que não se pode falar deve-se calar".Neste caso eu não penso em mesa alguma, eu não vejo nem constato mesa alguma. Eu nem se quer posso existir. Quanto mais escrever um texto sobre a existência. Se eu não existo você provavelmente não existe. Somos parte do nada absoluto. Nadificar o mundo é inconcebível. Todavia é tão real quanto coisificá-lo. A opção é de cada um e a grande maioria das pessoas coisificam o mundo sem nem se quer se questionar. Não sabem que o coisificam. E jamais verão que existe liberdade de escolha. Tudo ou nada é questão de escolha.


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Tipos de Conhecimento

Por Samir Gorsky

Existem duas espécies de conhecimento. O processual e o classificatório. O conhecimento processual é caracterizado como resultado do raciocínio e da criatividade. É o entendimento e a criação de processos. O classificatório e baseado na memória e na percepção. É o entendimento orgânico e estático. Esta divisão do conhecimento em duas espécies é abstrata e ideal. Os exemplos reais de cada espécie apresentam apenas um predomínio de um ou de outro tipo. Para exercer a classificação sobre um conjunto de objetos é necessário que o sujeito entenda certos processo. O raciocínio neste caso é o aparato dinâmico. É o conhecimento dinâmico para objetos ou conceitos dinâmicos. A nomeação e organização é da ordem do classificatório. A criatividade também possui características predominantemente dinâmicas. Porém as estruturas gerais do raciocínio e da criatividade podem ser compreendidas a partir da nomeação, classificação e memorização. O desenvolvimento, em termos de conhecimento, ou seja, a aprendizagem se dá de maneira gradual, dialética e do simples para o complexo a partir das duas espécies de conhecimento. As duas espécies conhecimento desempenham importantes papeis na aprendizagem, e portanto, não é possível o conhecimento sem a presença de ambas. O conhecimento classificatório se dá pelo reconhecimento de semelhanças e diferenças entre os objetos. A disposição e escolha dos nomes dos conjuntos de objetos classificados são também produtos da criatividade. A criatividade, por sua vez, é a faculdade que necessita do maior número de faculdades da mente humana. Ela é tão dinâmica quanto a filosofia e a linguagem. O conhecimento processual-classificatório é um conhecimento algorítmico organizado. A criatividade é o processo dual da aprendizagem. Uma pessoa que possui um conhecimento apenas processual é como uma pessoa com transtorno de Asperger que consegue fazer cálculos astronômicos sem saber explicar como estes são feitos.

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Anselmo e a existência de Deus

Por Samir Gorsky

Anselmo, filósofo medieval, errou em seu argumento sobre a existência de Deus não somente por considerar que a existência efetiva participa da idéia de perfeição, mas também porque não notou que, se existe o conceito de imperfeição, então Deus deve possuí-la de forma perfeita.

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